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Era madrugada de terça-feira. Dia frio, vontade de sair de casa, ir para outro universo, viver algo diferente, sair dos problemas que rondavam minha cabeça. Chega mensagem daquele amigo de anos… Logo ele. Meu crush de ensino médio, que conversa comigo sobre tudo, que fala comigo dos assuntos mais sórdidos, que sabe dos meus melhores segredos, aqueles mais gostosos de guardar (e mais gostoso ainda de contar). Chega mensagem logo dele. “Cheguei agora da prova, tô derrotado pra prova de amanhã, não vou estudar hoje não”. Puts, parecia que ele estava só esperando a minha vontade surgir e os planos convergirem. “Ah, eu estou doida pra sair de casa”, lancei e saí correndo. “Quer vir pra cá?”. Pronto, fisgou. Faço um charme, vejo se o terreno realmente estava liberado, porque não queria prejudicar a semana de provas dele… mas óbvio que eu vou.

Tomo banho, me depilo, me perfumo da cabeça aos pés, tudo que eu faço quando quero sair de casa para dar. Calcinha? Não, nunca uso, não vai ser hoje que vou usar. Sutiã? Não, quanto menos roupa por baixo melhor. Cheirosa, linda, gostosa, bora! “Peguei o uber, logo tô aí”. 

Chego lá, a cachorra fofa dele vem me receber. Como sou apaixonada por cachorro, perco um tempo ali, mas logo entro. Já tiro o tênis, coloco o chinelo e vou observando o movimento. Ele coloca um filme, logo um besteirol americano, filme com a temática que a gente mais conversa: sexo. Fez comida pra mim, até parecia que sabia os caminhos para me convencer de abrir as pernas – como se precisasse. Enquanto comemos e assistimos o filme, muita risada, muita conversa, muito desabafo, como foi da última vez que nos encontramos – e não nos pegamos. Faço carinho, a gente vai ficando mais perto, nada incomum, sempre fomos muito grudados. Dá cinco minutos nele: “vamos subir pro quarto, to com sono”. Beleza, quem sou eu pra discordar.

Subimos. Vamos dormir no mesmo quarto. Eu na cama de cima, ele na de baixo. Bom, vou ao banheiro, me troco e bora dormir. As conversas continuam, os carinhos continuam e eu não sabendo controlar minha vontade… “Deixa ele dormir, ele tá cansado, não estraga essa amizade que você tem com ele, aquieta essa mente”; “porra, se pelo menos ele não fosse gato e eu não soubesse das coisas que ele faz na cama, NESSA CAMA QUE EU ESTOU INCLUSIVE”; “faz carinho, ele vai dormir e você se obriga a dormir logo em seguida”. Ele parece lutar com o sono, então eu logo falo “dorme, lindo, pode dormir”, só o que eu permitia sair da minha boca enquanto a dicotomia “pelo amor de deus, durma”, “pelo amor de deus, acorda e me fode” existia dentro de mim. Ele vira pra mim e levanta “vai mais pra lá”, vindo em direção à cama de cima. Ele se acomoda e deita embaixo das cobertas comigo. Olho pra ele… “Você sabe que a chance de dar merda se você ficar deitado aqui comigo é grande né?”. Ele sorri. Começou.

A gente se beija com toda a vontade que parecia estar guardada em todos os anos de amizade. Ambos sabiam que a vontade existia, então foi o momento de matá-la. A mão dele desce da minha nuca até minha cintura, entrando por baixo da minha roupa, parece que meu corpo estava todo em braile e ele, cego, queria ler. Ele beija meu pescoço, aperta minha bunda, levanta minha blusa e começa a chupar meus peitos e, a essa altura, meus olhos já se reviram e minha respiração já fica mais profunda. O movimento dos nossos corpos parecem sincronizados como se tivéssemos ensaiado para uma apresentação. Minha mão no pau dele, a dele na minha buceta, minha boca se perdia nos lábios dele, no pescoço e minha mão deslizava por cada fio do cabelo dele. Minha blusa já foi ao encontro do chão, a próxima seria minha calça e pronto, no nu que meu corpo se inspira, ele brinca. A blusa dele foi em seguida, fazendo com que eu me deparasse com metade daquele corpo e que corpo bonito (olha que homem com corpo bonito tá em falta no mercado, puta merda). Ele começa a se abaixar para beijar os próximos lábios que meu corpo contém e o show oral começa.

Minha vontade era tão grande que parecia que ele cantava a música que aqueles lábios queriam ouvir. Eu sentia tanto prazer que eu quase implorava pra ele ficar ali pra sempre. Lambe, chupa, beija, enquanto a mão dele continua a ler meu corpo, lembrar dos meus peitos, da minha bunda, sem esquecer que o show continuava a ser o oral. “Continua”, eu pensava. “Nossa senhora!”, “Puta merda!”. Parece que eu passava a entender porque todas as meninas que ele me contava queriam voltar a vê-lo. Eu fechava meus olhos com toda a força que eu podia pra me concentrar cada vez mais em cada movimento que minha vulva fazia como consequência dos movimentos da língua dele. Minhas unhas queriam arrancar a pele dele de tanto prazer que eu sentia, não sei como ele continuar tendo cabelo depois daquele oral. PUTA QUE PARIU. E ele não parava. Mostrava que ele realmente se divertia com as minhas caras e meus gemidos. Deu. Não gozei, mas nem precisei, tudo que eu tinha sentido de sensação nova naquele oral já tinha feito minha noite valer a pena.

Quando ele tira a calça e a cueca, PUTA QUE PARIU, eu nem sei se isso cabe dentro de mim. Mentira, vai caber, porque eu quero que ele me coma, com toda a vontade que ele estiver. A gente troca de lugar, afinal era a minha vez de brincar. Minha vez de lamber, chupar, fazer com que o pau dele coubesse na minha boca, visitasse minha garganta, que meus dedos deslizassem nele enquanto minha língua se divertia com as suas bolas. Minha vez de ouvir ele gemer, ele gostar, ele pedir mais e torcer pra ele implorar que aquilo durasse pra sempre, da mesma forma que eu tinha implorado na minha mente. Paro e olho pra ele: “quer que continue?”, “quero, só mais um pouco”. Objetivo conquistado com sucesso. Chupo ele e espio o rosto pra ver com que cara que ele me presenteia. Todas as expressões me indicam que eu fazia um bom trabalho e isso só me dava mais tesão.

Ele me vira. Pega a camisinha. Finalmente, a penetração que é só mais um ingrediente pro bolo, um ingrediente que eu, particularmente, adoro. O vai e vem mal começou e meus olhos já se reviram novamente. Eu já estava molhada desde o início do oral, quando o pau dele entrou, tinha entrada liberada sem necessidade de supervisão. Vai, vem, vai, vem, e eu simplesmente amando o modo como ele conduzia tudo. A pressão das mãos dele na minha cintura, os beijos que ele intercalava no meio da nossa transa, as surpresas de apertar o peito, a bunda, me masturbar enquanto metia, cada hora ele me fazia sentir algo em conjunto com o prazer da penetração. Eu estava definitivamente jogada na cama, minhas costas brincavam com o lençol, a gente afastou a cama da parede, o barulho da cama era a trilha sonora do nosso filme e ele era a visão que eu tinha. Nem tinha como lembrar do resto, só dava pra lembrar dele, sentir ele dentro de mim, admirar as caras que ele fazia, as pegadas que ele me dava, cada hora com uma mão, a língua dele que não foi esquecida, tudo em perfeita junção. Ele gozou. Mais um objetivo alcançado.

Eu estava estirada na cama. Acabada. Realizada. Querendo mais e ao mesmo tempo não tendo força pra isso. Que foda. Em todos os sentidos, que foda. Ele deita comigo… “Que estranho”, “Muito. Mas um estranho bom”, “Muito”. A gente dá risada e se aconchega pra dormir. Mal sabia eu, o jeito que ele ia me acordar… E, depois de tudo, eu logo pensei… Saí de casa, fui pra outro universo e voltei. Se eu soubesse que o meu amigo que antes me era proibido ia me dar uma noite dessas, eu tinha me permitido mais cedo. Deve ser por conta dessas ocasiões que dizem que o proibido é mais gostoso. E que gostoso.

 


Imagem: https://www.instagram.com/hell.winter/

Giullia Fidelis

Author Giullia Fidelis

Ativista pelos direitos das mulheres e da comunidade LGBTQIA+, marketeira e petsitter. Estuda sobre sexualidade, saúde feminina e transpira o mundo sexual liberal.

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